sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Perguntaram a John Lennon:
- Por que você não pode ficar sozinho, sem a Yoko?
E ele respondeu:
- Eu posso, mas não quero. Não existe razão no mundo porque eu devesse ficar sem ela. Não existe nada mais importante do que o nosso relacionamento, nada. E nós curtimos estar juntos o tempo todo. Nós dois poderíamos sobreviver separados, mas pra quê? Eu não vou sacrificar o amor, o verdadeiro amor, por nenhuma piranha, nenhum amigo e nenhum negócio, porque no fim você acaba ficando sozinho à noite. Nenhum de nós quer isto, e não adianta encher a cama de transa, isso não funciona. Eu não quero ser um libertino. É como eu digo na música, eu já passei por tudo isso, e nada funciona melhor do que ter alguém que você ame te abraçando.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


- Amor, me dá o último abraço? Tenho que levantar.
Ele, mesmo ainda habitando o universo do sono profundo, me puxa pra perto, envolve seus braços grandes em torno de mim, enquanto encaixo minha cabeça no espaço certinho criado pelo vão da sua clavícula direita.
- Deixa eu colocar um travesseiro aqui, pra você não ficar com a cabeça no duro do meu osso.
Ele, sonolento, puxa, assim como puxou tantas outras vezes, a pontinha do travesseiro para deixar o encosto mais confortável para mim. Mal ele sabe que, no mundo, não há lugar que me traga mais aconchego do que deitar naquele corpo – com ou sem osso.
E a soneca do despertador impieodoso, toca mais uma vez.
- Mas já se passaram dez minutos? Para mim não pareceram nem dois, eu digo, pensando que o despertador não seria tão cruel se soubesse a sensação que eu estava vivendo naquela hora. – Só mais cinco minutos, se não o trânsito fica insuportável.
Sei disso. E sei que, milhares de vezes, fiquei parada no trânsito por causa dos minutinhos a mais. Preciso sempre sair uns minutos antes de o relógio marcar sete horas, porque se tem alguém mais impiedoso que o despertador, é o trânsito dessa selva de pedra. Ainda mais com a chuvinha que, desde ontem, cai fina lá fora.
- Vamos fazer uma última conchinha?
Ele finge que acredita e, como numa sintonia, viramos. Acho engraçado como não nos importamos em nos virar quantas vezes forem necessárias durante a noite. Nosso barato mesmo é dormir colados, juntos, conectados. Se um quer virar pra direita, o outro vira também. Ninguém se importa. O importante é não perder o laço.
Ele puxa meu corpo de encontro ao seu, passa seu braço por debaixo do meu pescoço, ao mesmo tempo em que tiro os cabelos da nuca, para que ele possa encaixar seu rosto nela sem pinicar. A respiração dele na minha nuca sempre foi pra mim uma forma de amor. O ar quente me esquenta e aumenta aquela preguicinha gostosa. Mas hoje é quarta-feira. Quarta com cara de segunda, porque acabamos de sair de um feriado emendado. Não tem espaço para preguicinhas gostosas. Fiquei me lembrando como as duas manhãs anteriores foram boas, sem ter que discutir com o despertador e poder ficar colado sem fazer absolutamente nada por horas a fio.
Eu sempre acordo mais cedo. Tenho tique de ficar na cama acordada. Por mim, acordo e levanto. A não ser quando tenho uma companhia ilustre do meu lado, me abraçando num encaixe perfeito. Mas pra mim, só tem graça se ele também acorda – que graça tem fazer carinho se ele não sente? Arrumo uma forma de me mexer disfarçadamente, e começo a dar beijos na pele lisinha do seu pescoço como se tivesse mesmo acabado de acordar. Ele, finge que acredita, retribui meus beijos e, educadamente, me faz companhia – meio dormindo, meio acordado.
E a soneca do despertador impiedoso, toca mais uma vez.
- Preciso ir amor, vou pegar trânsito – digo como se estivesse fazendo algum esforço além do mental para levantar dali.
- Só mais um abraço, vai te atrasar muito?
Não, claro que não. O trânsito vira coisa pequena, diante daqueles minutos de paz e de aconchego. Encaixo meu rosto no pescoço dele, respiro fundo, como que pra guardar o cheiro dele dentro de mim. E fico pensando, ainda sem coragem de abrir os olhos, que todo mundo precisa de um aconchego desses. O aconchego deixa a vida mais quentinha. É como aquela sensação de chocolate quente com pão de queijo de vó nos dias frios. É alimento pra alma.
Finalmente me levanto, num esforço sobre-humano. Puxo o edredom caído, faço um casulo para seus pés não ficarem de fora da coberta. Me troco em minutos, para compensar os minutos extras na cama.
Valeu a pena.
Me despeço com um beijinho e sussurro um eu te amo nos ouvidos ainda pouco atentos por causa do sono. Completo com um obrigada pela companhia deliciosa na noite. Ele provavelmente não vai lembrar quando acordar, mas sempre arrisco.
E finalmente saio, com a energia recarregada e cheia de coragem de enfrentar o trânsito infernal, pensando que a coisa que a gente mais precisa na vida é aconchegar, e se deixar aconchegar.

Jaque Barbosa

sábado, 24 de novembro de 2012


"Eu me descubro ainda mais feliz a cada pedaço seu e de tudo o que é seu. Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer. Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora. E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam."

(Tati Bernardi)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012



Gosto de fechar os olhos e rever nossa história antes de dormir. Faço isso quase toda noite, em vez de contar carneirinhos. Gosto de construir toda a linha do tempo, desde antes de você.
Engraçado pensar que eu vivi tantos anos sem te conhecer e fico tentando inutilmente imaginar se já não teríamos nos cruzado por alguma esquina dessa cidade caótica – quem sabe algum dia a gente se cruzou mesmo, no meio de tantos outros. Ou em alguma festa de um amigo em comum. Ou em algum pós-balada matando a larica. Mas acabo sempre achando que não. Não deixaria um homem como você passar por mim e escapar ileso. Ou deixaria, pois com uma cruzada de olhares ficaria difícil adivinhar que você teria tudo aquilo pelo qual eu me apaixonaria.
E me apaixonei. Não uma ou duas vezes. Tenho vivido um estranho processo de me re-apaixonar. Acontece sempre que fico te olhando trabalhar concentrado em alguma ideia. Ou quando ri de mim, ou quando chega na cama quando já estou dormindo e, pacientemente, luta contra meu mau-humor, me trazendo pra perto de você, apesar dos meus gemidos ranzinzas.
Na linha do tempo que mentalmente traço toda noite, fico tentando lembrar desses detalhes porque tenho medo que o tempo apague alguns deles, preciosos e raros. Faço um esforço mental pra me lembrar todos, porque não quero desperdiçar nenhum, e sempre me surpreendo ao perceber como uma parceria pode gerar tanta coisa linda. Até as nossas discussões, que raras vezes viraram brigas, ficam na memória como parte boa, porque elas sempre terminam em aprendizado, daqueles que sem dúvida valem mais do que um semestre de aula de filosofia na faculdade.
E nesse processo de construção da nossa história lembro de coisas engraçadas, e teve também as longas conversas que me fizeram escolher outro caminho na vida, depois de enxergar que estava desperdiçando meu tempo e minha energia com algo que já não mais me fazia vibrar. E forma como você, sempre paciente, me ajudava nas crises existenciais, me fazendo perceber que a vida é curta e linda, e que temos que ter pressa porque ela passa rápido demais.
A nossa linha do tempo está recheada de muitas histórias – volta e meia surge uma nova na memória e eu a revivo, detalhe por detalhe, pra ter certeza que não vou desperdiçar esses mini-presentes da vida. Hoje, analisando esses aproximadamente 670 dias juntos, tento entender a razão de tanta compatibilidade e de tanta leveza e só consigo imaginar que  nos completamos tanto porque somos dois inteiros e não duas metades em busca de uma tampa pra panela. E que é sempre tão bom estar com você porque temos plena consciência de que nada é eterno e que se quisermos que dure, precisamos cuidar todos os dias. E porque você consegue despertar o que há de melhor em mim e eu consigo despertar o que há de melhor em você, sem a pretensão de sermos dono um do outro – queremos, em vez disso, sermos eternos parceiros, enquanto a eternidade subjetiva da vida permitir. Dessa forma, nos orgulhamos de viver sem tabus, a beleza de um amor que não é dor.

Jaque Barbosa

terça-feira, 6 de novembro de 2012

"Por você, eu faria isso mil vezes."
O caçador de Pipas - Khaled Hosseini
Qualquer coisa que fosse preciso...

terça-feira, 30 de outubro de 2012


Você saiu da banheira de forma abrupta, de maneira acrobática aplicou um giro rápido de 180 graus e dirigiu-se ao banheiro fazendo um “Moonwalk” para que eu não pudesse olhar diretamente para sua bunda. Em um piscar de olhos, conseguiu esconder sua parte mais linda atrás de um desnecessário roupão. Sim, eu sei que mesmo depois de alguns bons meses juntos, fodas bem dadas, garrafas de vinho extintas e nossos suores misturados, você ainda tem vergonha de mim e, infelizmente, não consegue livrar-se do medo que tem de expor suas características humanas aos meus olhos, não menos humanos.
Pois saiba que muitas vezes, priva-me de seus melhores ângulos, como se eu fosse um crítico ranzinza do programa Ídolos e, a qualquer instante, pudesse tirar do bolso uma placa contendo a nota 0, para assim reprovar-te, rebaixar-te e fazer-te sair do palco engolindo o choro. Quero que saiba, de uma vez por todas, que eu sempre aplaudirei seus passos ensaiados, mas que não deixarei de te amar, nem um pouquinho, nas tantas vezes que ainda irá tropeçar e cair como qualquer pessoa faz. Pelo contrário, vou sempre levantar-te pelos pulsos ou jogar-me no chão junto com você para rirmos da vida deitados no asfalto.
Porque gosto mesmo quando você foge do script e não percebe que está com a pontinha do nariz suja de sorvete.
Adoro quando nos teletransportamos da balada direto pra cama e quando lá te deixo sem forças até para tirar a maquiagem, pois no dia seguinte você fica linda parecendo uma panda de ressaca.
Quero que saiba agora, e não amanhã, o quanto eu te acho bonita mesmo quando faz careta.
Não tem ideia de como eu ficaria feliz se você, ao menos uma vez, relaxasse e soltasse a barriga enquanto comemos Doritos sentados e pelados em cima da cama. Eu não tenho nada contra as suas dobrinhas e espero também que não tema minha barriga cultivada à base de boêmia, bordas recheadas amanhecidas e ausências na academia.
É claro que te acho uma gostosa dentro daquele Babydoll preto, mas preciso realmente que saiba o quanto adoro te ver recheando aquela camiseta velha da sua formatura da terceira série.
Adoraria que você se esquecesse de pedir para apagar a luz e me permitisse devorar com os olhos cada canto seu – porque, afinal, se é com você que estou naquele momento, significa que é com você que quero estar. E que te acho linda do jeitinho que você é.
E é óbvio que aquele saltão me dá uma puta vontade de morder suas panturrilhas, mas peço que use mais vezes aquela sapatilha vermelha super confortável e sabe porquê? Pois tenho tesão também pelo seu bem estar e por saber que, na minha frente, em cima de mim, do meu lado e comigo, sente-se realmente livre para ser humana.


Casal sem vergonha

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


O poder de ter algo que sempre se buscou nas mãos causa uma estranha reação nos seres humanos. Algo curioso, que desafia o raciocínio lógico. Como se o guepardo usasse todas as células do seu corpo para alcançar o cervo e, assim que o tivesse dominado, largasse a caça, a esmo, para ser devorada por outros predadores. Esse fenômeno curioso acomete os humanos na vida e, principalmente, nos relacionamentos.
Assim que detectamos a presa, ela parece se transformar na coisa mais importante de nossas vidas. O coração dispara, a boca seca, as mãos suam, a voz trava na garganta. Alguns descrevem, inclusive, a sensação de ter o estômago povoado por borboletas. A euforia do início de uma paixão provoca reviravoltas no corpo e na mente. Tamanha determinação em direção a um alvo, na maioria das vezes, termina em sucesso. E então, quanto temos aquele que um dia parecia apenas um sonho distante, sentado do nosso lado no sofá comendo pipoca numa sexta a noite, a calma volta a reinar dentro de nossos seres. O coração retoma seu compasso. A mente volta a funcionar depois de um período em pane. Não é por acaso – estudos mostram mesmo que se os sintomas da paixão durassem por muito tempo, nosso corpo entraria em colapso.
Mas paixão é como droga – dá sempre vontade de mais uma dose, de mais um trago. De repente olhamos para aquele ser que amamos, com quem dormimos agarrados, com quem dividimos o último pedaço do bolo preferido, e vemos que ali há tudo, menos a sensação de euforia do começo. Como a roupa nova que, no início parecia nos deixar mais bonita mas que, depois de um tempo de uso, perde o poder de despertar o que há de melhor na gente e vira mais uma peça como as outras no armário, sem brilho.
E nessas, seguimos trocando o quentinho do amor pela adrenalina da paixão. De repente todo o amor daquele que se importou o bastante pra ficar parece não ser o bastante pra matar nossa fome. Ingratos que somos, agimos como filho mimado que abre a geladeira cheia de coisas e resmunga que não tem nada de bom pra comer. Trocamos parceria pelo frio na barriga. Menosprezamos quem nos cuida.
Sim, temos todo o direito (e na verdade, a obrigação) de perseguirmos aquilo que nos faz feliz. Temos apenas que ter cuidado para não cairmos na armadilha da mente e do ego. Ao menosprezarmos aquele que amamos e que nos ama em troca da euforia do início, estamos, relacionamento após relacionamento, desperdiçando a chance de viver relações profundas e significativas. E então, é possível constatar que não amamos o outro – amamos em primeiro lugar o nosso ego. Não conseguimos resistir à tentação do jogo da conquista, do flerte, do nosso poder de dominarmos as pessoas. Enganados pelas peripécias da mente, dispensamos nossos amores por acharmos que o que tem lá fora é sempre mais interessante.
O irônico é que o jogo de conquistas, assim como o amor quentinho, também cansa uma hora.  E então começamos a lembrar de como era bom ter um cúmplice do lado. De como aquela conchinha era acolhedora. De como o sexo com intimidade era gostoso. De como as conversas eram enriquecedoras. De como o café da manhã compartilhado tinha mais sabor. De como era bom ter alguém pra quem ligar pra contar as notícias boas e as nem tanto.
E, adivinha?
Saímos mais uma vez em busca daquilo que não temos.
As paixonites já não nos satisfazem mais. Queremos alguém pra chamar de nosso. Nos cansamos dos joguinhos, da insegurança, de não saber o que passa pela cabeça do outro, das baladas, das pessoas que somem sem motivo, dos casos que não dão em nada, dos sexos frígidos. E então, nossa meta passa a ser buscar alguém com quem dividir a cama e a vida. De novo.
O lado bom é que temos o poder de escolha. Quando entendemos que é o amor, e não as manipulações ou as máscaras,  o remédio pra todos os males do mundo, então podemos  nos permitir amar. Sem ansiedade. Sem siricutico. Sem achar que o que dura muito é ruim. Sem a angústia de querer um prato novo em cada refeição. Quando aprendemos a usufruir da calmaria do amor,  nos desalienamos e conseguimos enxergar por trás da névoa perigosa do ego – só então somos finalmente capazes de sair desse ciclo vicioso de amores e dores. E só então podemos ter o prazer de usufruir da única coisa real que temos na vida – o agora.

Casal sem vergonha

Tudo que eu sempre pensei, em palavras.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012


"Eu adorava as noites de segunda-feira. Ainda estava no estágio da vida em que achava que os dias de semana serviam para nos recuperar do sábado e do domingo. Não conseguia entender o resto do mundo, que parecia ter a impressão de que era o contrário.

Marian Keyes -  Casório

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Depois de tanto fugir, depois de tanto sucesso nas fugas, não deu mais, me pegou, e pegou com a mesma intensidade que antes fugia. E tava tudo tão tranquilo, tão fácil, tão simples, tão leve, que eu devia estar preparada, "depois da tempestade vem a calmaria" e acho que o mesmo acontece ao contrário! Mas eu, nessa pose toda de auto confiante, segura de mim, e muitofelizsozinhamuitoobrigada vou tentar, como sempre, controlar meus sentimentos, fugir, fingir que nada está acontecendo e prometendo pra mim mesma que vou ficar um tempo sem ver ele, pra tentar apagar um pouco do que tem dele na cabeça, no coração, na pele. Sabendo que ao seu menor sinal não vou conseguir negar, pra prometer novamente "só dessa vez, eu mato a saudade e fico um tempo sem ver", já sabendo que é uma saudade que não acaba, que só aumenta a cada encontro. Me tranquiliza pensar que vou ficar um tempo sem ver, me tranquiliza... Me tranquiliza ao mesmo tempo que me enlouquece! Se eu vou morrer de saudade como vou conseguir esquecer, um pouquinho que seja? Mas como eu disse, são tudo fugas, fugas que pararam de fugir, e eu não sei o que fazer quando não consigo mais fugir... 

Leticia Melchioretto

Lembra desse amor? É  muito bom reler e ver o quanto eu já era apaixonada por ti antes mesmo de namorarmos. Mal podia imaginar que esse sentimento ia crescer tanto que mal ia caber dentro de mim. E eu que achava que já te amava demais, percebo que não era nada perto do sentimento maravilhoso, que é muito mais que amor, que sinto hoje. Te amo te amo te amo!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

"Quando ele sorri desarmado, limitado e impotente, para todas as minhas dúvidas, inconstâncias e chatices, eu sei que é daquele sorriso que minha alma precisava. Ele não faz muito pela minha angústia existencial, até por não saber. E consegue tudo de mim. Consegue até o que ninguém nunca conseguiu: me deixar leve. (…) Ele me ensinou que a vida pode ser simples, e tão boa."


- Tati Bernardi 
"...O importante é querer estar junto, querer não desistir. Ninguém tem a obrigação de saber o que a gente pensa. O que as pessoas devem é respeitar o que pensamos, isso sim. E entenda: ninguém vai pensar como você porque ninguém sente como você. Não queira colocar uma fita métrica imaginária no coração do outro e medir vamos-ver-quem-ama-mais. O amor não tem medidas, números, não cabe na balança. Cada um tem seu jeito, sua forma, sua personalidade. A gente tem que aceitar. Não só o outro, mas a gente mesmo. E viver.”


- Clarissa Corrêa
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


E é assim que a gente vai vivendo, sabe? Errando pra aprender. Se decepcionando pra se proteger. Se machucando pra crescer. Chorando pra sorrir. A gente cai uma vez, pra aprender a se levantar em outra. No fim, tudo que for bom, verdadeiro, tudo o que realmente nos fizer bem, permanece.

TB

é isso. só queria ser amada. só isso. precisa casar comigo não, precisa me engravidar não. basta me olhar assim, basta morrer de rir comigo. basta me ler, me decifrar, ser intenso nesse minuto. vamos todos morrer meus amores, vamos então morrer sabendo que demos vida a alguém.

- Tati Bernardi

sábado, 22 de setembro de 2012


E eu chego em casa cansado. Jogo minhas roupas pelo chão do quarto e sento no sofá, acabado. Ela chega, me grita atenção e fala como uma doida de como foi teu dia. Eu fico entre um “uhum” e outro. Entre uma risada e outra. Mas fico com olhos e ouvidos bem atentos, como um menininho ouvindo uma história de uma heroína que salvou a cidade e ainda lembrou de passar no mercado para comprar meu iogurte predileto.
Ela me faz massagens quando eu peço. Mas só aceita fazer caso eu prometa fazer nela também. Ela trabalha, estuda, dá um trato em seu visual, malha, prepara a comida e ainda arruma tempo para me amar e me pedir para levá-la no cinema. Às vezes, eu penso como é louco o amor. No começo, eu passava noites em claro só para descobrir a melhor forma de conseguir ter um encontro com ela. E, hoje, ela é quem me convida. No primeiro encontro, eu passei quase duas horas inteiras me arrumando. Coloquei minha melhor roupa e me encharquei com meu melhor perfume só para agradá-la. Hoje, ele me acha lindo de moletom ou suado pós o futebol.
Ela me espera. Ela fica ansiosa para me ver. E me liga só para dizer que está com saudades. Ela diz que ama e que morre de tesão por mim, também. Ela me faz carinhos e arranhões que nunca tive. E me beija o corpo inteiro. E quando briga comigo por ciúmes é por medo de me perder. Ela é perfeita, mas não sabe. O meu lado possessivo até acha isso bom. Porque no dia que ela perceber que ela é dez mil vezes melhor do que qualquer mulher nesse mundo, vai querer outro cara dez mil vezes melhor do que eu. E há vários caras perfeitos por aí. Mas não sei como, ela se encantou por minha barba mal feita, por minhas piadas sem graça e por meus olhos cansados.
Bendita a sorte a minha. Até hoje não sei o que falei para ter roubado a atenção dela. E, se um dia descobrir, falarei o dia inteiro. 
É a sorte de ser o sonho da mulher dos seus sonhos.

Hugo Rodrigues

E se eu falar que o seu braço sobre o meu ombro naquele café fez toda a diferença? Gosto de iniciativa. Parceria. Eu abro o botão, você o zíper, eu abaixo o jeans, você. A sua ligação no meio da tarde de quarta, sua dedicatória no livro, o chocolate junto com o CD do Radiohead, o seu sms quinta de madrugada, onde leio você elogiando nossa noite anterior e um alerta de futuros reencontros. Esses detalhes me deixam com vontade de.
Você verbaliza, pontua, exclama, apaixona, presenteia (com poesia) e embriaga da forma que gosto. Sou grato a todos os santos por isso. Pego o terço bento que minha tia freira me entregou e mando ver nos agradecimentos. Eu acredito.
Naquela noite, entre nossos amigos em comum eu te olhava com admiração enquanto você articulava sobre leis que aprendeu na aula de direito de terça. Você faz isso direitinho, tem um certo ar arrogante e seguro enquanto fala, existe um certo charme enquanto passa a língua nos lábios e arruma o cabelo. Deve ser de Marte.
E quando eles voltam a conversar entre si, o meu olhar mira o seu e o seu olhar flerta com o meu. E quase podemos nos decifrar. Essa atmosfera tem gosto de mel. Cheiro de baunilha. Cor de tulipa vermelha.
E você ri enquanto imagina o que eu faria se. Aposto 100 dinheiros que você se lembra de todos os detalhes daquela noite da pizza, meio-eu-meio-você, quando você, na frente de todos, cochichou no meu ouvido que eu te levava pro céu quando. Seu pé sob a mesa, procurando a minha coxa para. Cochichamos sobre o dia do fundue, quando você sentiu ciúmes por. E depois disse que eu era de outro planeta por. E depois sentiu medo de. E depois sorriu quando.
Deixo um tanto da minha coragem para enfrentarmos futuros imbróglios – sim, eles surgirão e dessa vez faremos diferente, prometemos um para o outro não fugir no primeiro tropeço e firmamos um acordo de desatar todos os nós. Deixo reservado para você uma dose de humor para quando o seu estiver escasso. Naqueles dias em que as coisas no trabalho não fluem, ou quando aquela dorzinha de cabeça resiste a qualquer café com aspirina.
Não me deixe acordar, o agora é agradável e doce.
Deixo as dúvidas e os medos lá atrás, em um lugar distante, onde não nos alcancem. Deixo em cima da mesa dois convites do Festival de Cinema Francês que começa esse mês na cidade. Você olha, arruma novamente o cabelo, molha os lábios com a língua e me entrega de graça o que eu mais gosto em você: seu sorriso.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"- Ela disse: 'Estou com tanto medo...' 
E eu perguntei: 'Porquê?' 
Aí, ela respondeu: 'Porque estou me sentindo profundamente feliz, Dr. Rasul. E uma felicidade assim é assustadora.' 
Voltei a perguntar por quê, e ela prosseguiu: 'Só permitem que alguém seja assim tão feliz se estão se preparando para lhe tirar algo', e eu disse: 'Agora, chega. Já basta dessas tolices'."

O Caçador de Pipas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012



Fique um pouco mais. Na geladeira tem aquele suco que você gosta, aquele queijo polenguinho que você ama colocar no pão e temos pizza de ontem também. Fique. Deve chover daqui a pouco, pelo menos eu ouvi dizer. Mas se não, deve estar quente demais. Fica. Eu ligo o ar condicionado ou fico te abanando, se você quiser. Fique um pouco mais. Ou muito mais. Tem algum maço de cigarro teu perdido em meu armário. Tem aquele short meu que você gosta de dormir. E eu comprei DVDs legais esse mês, fica pra gente ver junto.
Fica, vai. Eu lavo a louça e posso ler pra você, também. Posso fazer pão de queijo ou pizza de mentirinha. Eu arrumei a cama pra gente. Ou podemos ficar aqui neste sofá cor de vinho. Fique. Lá fora, está perigoso demais, eu vi no noticiário. Há trombadinhas por toda a cidade, que assaltam em ônibus ou esquinas. E os taxistas também são maus e podem tentar te assediar ou algo assim.
Fica aqui comigo. Eu estou doente. Olha? Estou começando a ficar com febre, tosse ou câncer, sei lá. Minhas mãos estão tremendo e eu sinto que meu coração está acelerado demais esta noite. Fica para cuidar de mim? Fica, vai. Tua mãe pode esperar. Teu ex pode esperar. Teus amigos que dão em cima de você, também, podem esperar. Até as tuas amigas que não gostam de mim podem esperar. Fica, vai. Manda mensagem ou liga para todos eles e diz que foi por aí.
Fica. Tem biscoitos de chocolate na cozinha. Tem livros legais na prateleira. Tem jogo de tabuleiro, baralho ou coisa assim. Tem coisa de beber, de fumar. Fica, droga. Tem seriados legais no 44. Eu prometo não te machucar fazendo cócegas. Prometo acarinhar o lóbulo da tua orelha e te fazer massagens também. Ou te colocar no meu peito e te fazer carinho na nuca até você dormir. A gente pode transar, se você quiser. A gente pode falar mal dos outros ou da gente mesmo. A gente pode ficar em silêncio, também.
Você realmente quer ir? Tudo bem. Pode ir. Mas me deixe sua boca. Teus braços. Tua voz. Tuas pernas. Teu peito. Ou melhor, vai não. Fica aí, que você é meu pedaço de luz. Que você é o todo do tudo que preciso.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Você se encaixa em mim de um jeito difícil de explicar. Você vai organizando seu corpo de forma que todas as partes dele, se encostam nas minhas.
O  seu braço comprido passa por debaixo da minha nuca, no vão exato da curvinha do meu pescoço. Acho que às vezes seu braço deve formigar por ser esmagado pela minha cabeça – mas você nunca reclama. A gente se deita e você, automaticamente, vai passando seu braço grande pelo vãozinho do meu pescoço, enquanto o outro se fecha por cima do meu busto. É quase uma chave de braço de amor.
E você coloca sua perna pesada sob a minha minha, quase me esmagando. Se fosse qualquer outra criatura, pediria que ela logo tratasse de tirar tal peso de mim – mas do seu peso, eu gosto. É  um amor masoquista. Quero suas pernas pesadas esmagando as minhas.
E, se você dá bobeira, tranço logo meus pés nos seus. A gente se contorce pra achar um jeito da trança não limitar totalmente nossos movimentos. Passo meu pé, que perto do seu fica tão pequeno, por entre seus calcanhares e o ninho está feito. Sempre uso a desculpa de querer esquentar seus pés, a única parte do seu corpo que não é quentinha. A verdade mesmo é que quero grudar em você, centímetro por centímetro.
E você então encaixa seu rosto na minha nuca. E respira. E o ar quente vai aquecendo ainda mais o meu corpo, que, a essa altura, já não sabe mais o que é o frio. E sua respiração alta é quase como um sonífero. É o extremo do aconchego, me mostrando que você está realmente ali.
Eu amo até o ar que sai de você.
E você puxa meu quadril imponentemente de encontro ao seu, formando o encaixe perfeito. A sensação da minha bunda no seu pau seria extremamente erótica, se não fosse o conforto proporcionado por essa posição.
Nessas horas, o sexo, que, em alguns momentos, parece latejar nas nossas veias com a urgência de quem precisa de oxigênio para funcionar, de repente não parece mais tão urgente assim. De fato, ele vira coisa secundária, coadjuvante, diante do aconchego que o seu corpo grudado no meu proporciona. E nessa vida na qual mata-se um leão por dia, na qual sabe-se de cor em quem se pode confiar, e na qual por tantas vezes nos sentimos fracos e desamparados em meio a um oceano de gente, esse conforto é coisa rara.
Cada centímetro do meu corpo venera cada centímetro do seu. Dali, friagem nenhuma se aproxima. E eu me recuso a pensar que aquilo não é amor. Talvez o amor que as pessoas busquem tanto, esteja nos micro-prazeres escondidos por trás das delicadezas da vida e do encaixe das conchinhas. E aí tenho certeza que naquele momento, a energia que borbulha dos nossos corpos colados nada mais é do que o amor transbordando.
Me esforço pra continuar acordada, sentindo cada segundo daquilo que me completa, que me faz bem. É como celular na tomada recarregando a bateria. Mas, o injusto da conchinha é que ela alcança um nível tão alto de conforto, que já não é mais possível manter os olhos abertos. Naquele estágio entre a consciência e o sono profundo, penso pela última vez no dia que, com ou sem sexo, gosto profundamente de você. E ouvindo a sua respiração igualmente profunda, sintonizo a minha com a sua, e adormeço.
Caio Fernando já dizia – coisa simples é lindo, e existe muito pouco.

por Jaque Barbosa



Ainda que fosse só a boa conversa, a química eletrizante, o sexo livre. Ainda que fosse só a atração física, a admiração das ideias ou os beijos encaixados.
Você já me valeria a pena.
Mas não é. Tem isso e ainda todo o resto. Escuto as pessoas se queixarem repetidamente que o amor completo anda escasso no mercado. Encontra-se, às vezes, só a beleza, a afinidade ou o sexo inesgotável. Falta o resto. Ou ainda, a paciência, o companheirismo, o aconchego. Mas a incompletude, ainda sim, reina. E os pessimistas, dizem que não é possível achar alguém do jeitinho que você quer. Alguém que te complete, que te baste, que te encante repetidamente. Eu, insisto no contrário. Porque amores incompletos, não saciam a fome. É como uma dieta só de proteína – você se sustenta por um tempo, se engana, inventa que o buraco no estômago está saciado – bebe água, fuma um cigarro. Mas, a falta de carboidrato, cedo ou tarde, pega. E você volta pro início.
Eu nunca quis um amor perfeito.
Sempre quis mesmo foi um amor cheio de erros, que vão sendo alinhados durante o caminho. Porque se tudo já começa certo, não vive-se o prazer da vitória.
Sempre quis um amor quentinho, daqueles de aconchego no fim de tarde, de colo depois de um dia de cão, de beijo no nariz ao acordar.
Sempre quis um amor livre – sem a ideia desajustada que um pertence ao outro. Com menos regras ditadas – e mais pontos de vista ouvidos.
Sempre quis alguém com o qual pudesse fazer sexo sem regras – em nome das descobertas. Porque sexo bom de verdade, é aquele com instinto e sem razão.
Sempre quis um amor com respeito. Não daquele tipo das “moças de respeito” que querem seu patrimônio corporal preservado. Sempre quis aquele respeito que te permite ver o outro como um outro ser – cheio de vontades e desejos. Respeito é aceitar que o outro é diferente de você.
Sempre quis um amor que me fizesse crescer. Por que o essencial, faculdade nenhuma ensina. O essencial aprende-se na troca de ideias, no debate, nos pontos de vista trocados.
Sempre quis um amor que me valorizasse. Não somente pelas coisas cotidianas, mas principalmente pelas qualidades que poucos enxergam.
Sempre quis um amor que me enxergasse. Mas não que enxergasse somente as coisas óbvias – porque, de obviedades, a vida está cheia. Sempre quis alguém que me enxergasse lá no fundo – e, ainda, sim, gostasse de mim.
Sempre quis alguém que quisesse ouvir verdades – e falar, também, na mesma proporção. Porque meias-verdades não interessam. Difícil mesmo é achar alguém que esteja pronto pra ouvir até o mais pesado, até o mais doído e retribuir na mesma moeda.
Sempre quis alguém que me achasse gostosa – mas que entendesse que gostosura, mora mesmo nas entrelinhas.
Sempre quis um amor que me mostrasse caminhos – invés de impor trajetórias.
Sempre quis um amor que não me reprimisse – pelo contrário, que me provocasse para que eu conseguisse mostrar o que vive escondido lá no fundo.
Sempre quis um amor que sonhasse.  E que corresse atrás dos sonhos comigo. Não por imposição, mas por vontade de seguir a mesma trilha.
Sempre quis alguém que não tivesse jeito pra joguinhos. Porque deles, eu já me desencantei na adolescência.
Sempre quis alguém que me ganhasse nos detalhes. Alguém ao qual eu não conseguisse resistir. Alguém que trouxesse brilho pros meus olhos a cada nova atitude, a cada nova ideia a cada novo sorriso.
Sempre quis alguém pra ficar junto – alguém que entendesse que pra estar junto não é preciso estar perto o tempo todo, mas sim do lado de dentro. Por que a proximidade física nem sempre completa tanto quanto a do coração.
E não sei se foi por insistência ou merecimento – mas esse amor veio antes do esperado, contrariando os que diriam que amor completo é coisa rara. E hoje, entendo, que o amor bom é o amor livre – que se recicla todos os dias como energia renovável. O quanto vai durar – não sei. Prefiro a provisoriedade completa, do que a permeabilidade vazia.

Jaque Barbosa


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Plenitude


Plenitude

s.f. Estado ou qualidade do que está completo, cheio, inteiro.
Totalidade.

um sentimento novo, mas deliciosamente bom ;)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Era uma felicidade de final-de-semana que carregava consigo a faixa e o título de rainha eterna dos sorridentes de plantão. Ficavam tão grudados, desde o horário certeiro que tinha ou "eu te espero no shopping", ou "te pego aí pelas 19h". Eufóricos, seguiam as avenidas desprevenidas e iluminadas, enquanto se afagavam muito, apertão na perna, mão sob mão e um beijo entre uma sinaleira e outra como tradução de qualquer dúvida de como era bom estar à dois, que maravilhoso era a morte lenta de uma falta por três ou cinco dias. Gostosa a intimidade sendo alimentada assim, tantinho por tantinho, como quem belisca o doce pra não enjoar rápido. De contar novidades, fatos dum cotidiano pesaroso que não era leve e límpido quando a alegria catatônica daquelas quase 72 horas.

Chegava, ela com uma sacola (às vezes quase mala), que não sabia se programar exata, quanto a estilo - a cada dia, acordava com uma vontade de ser diferente do que fora anteontem ou na véspera. Largava num canto do quarto, mergulhava na casa feita, tão grande enquanto aguardava que ele tirasse os tênis pra adentrar no que seria um dos melhores momentos até então: ele segurava o rosto dela como quem quisesse ter pra si nos dias que não se viam. Ela ria muito e o abraçava a todo minuto, como uma confirmação silenciosa do quanto era premiada em poder aproveitar uma noite de sexta-feira assim, no aconchego do melhor colo do mundo. Algumas vezes assistiam a filmes cult, dramáticos ou de ação. Quando ele ia à academia, ela ia feliz passear por entre as vitrines caras e requintadas do shopping ali perto. Vez ou outra, faziam exercícios juntos - e como ela adorava todas aquelas conversar amenas dos entardeceres de primavera. Às vezes, preferiam o cinema. Quando não, descansavam algumas horas depois de jantar, e escolhiam a agitação de sair pra noite como poucos casais fazem hoje em dia - eram mais que apenas dois na armadilha do mesmo incontrolável amor jovem: além de apaixonados, cúmplices. Muito mais que só amantes um do outro, amigos.

Uma maravilha a certeza de acordar imersa numa manhã sombreada de sábado sentindo a maior preguiça do Universo nos dois braços, recém espreguiçados, enquanto o sono pesado na faceta leve do amor ao lado faz quase querer morrer, tanta ternura. Ataque de vez em quando, lentidão em arrumar a cama, vestir qualquer roupa, molhar o rosto, ligar a televisão e tomar café enquanto o pensamento inicia a aceleração, ainda lenta; o humor melhora e a fala se torna natural, uma hora depois quase sempre. Sã a sensação de sair um pouco pra rua quando o tempo colabora, ou dormir mais um pouco porque são esses os dias marcados para o descanso, ou mesmo acompanhar até uma checada de e-mails e coisas simples pra fazer, tomar um sol, caminhar em algum parque, qualquer programa suave; importância era mesmo estar junto, sair pra beber com alguns amigos, de vez em quando ir dormir não muito tarde. Comer laranjas no sofá desconfortável da sala. Fugir pro sítio. Que quer que seja: como eram áureos os tempos onde se precisava mais e mais dele, enquanto desejava sempre e sempre ela ao lado. Pra compartilhar esses acontecimentos da vida que passariam desapercebidos, não fosse um e outro olhar estrangeiro com comentário para quase tudo.

Mas o domingo, ah o domingo: foi a redescoberta do último dia da semana, sempre tão arrastados e melancólicos, antes improdutivos, passaram de culposos vilões ao banco dos réus: tivesse boliche ou não, fosse assistir kart ou almoçar fora, acordar já meio-dia ou assistir futebol como paixão compartilhada. Se aproveitar sabendo que algumas horas adiante a vida cinza e sem quase nenhuma graça no dia-a-dia fugaz, tão arquitetadamente construído, era até o último segundo, arrumando as coisas pra ir pra casa, sentindo a alma vasta, feito um sonho bom que se finda. Tão apaixonados eram os dois ali, começando a afundar na bolha do próprio sentimento: era bom estar ali, tão e tão ótimo que a gente se perde de si pra acordar num belo dia em que a realidade chama. Consumidor, esse amor convincente, benfazejo, quase perfeito se não fossem jovens demais pra submergir numa loucura dessas. Medo de um dia acabar simplesmente porque o momento pedia aprendizados, crescimento, profissionalismo e quaisquer outras coisas em número tão grande que conciliar a grandeza desse turbilhão emocional vicioso era tarefa difícil demais pra quem sabe muito mais ser coração, no lugar de emocional.

De saber que amor pra vida inteira, de uma doação delicada e às vezes, agridoce, só esse, só um: nunca mais conseguiria olhar pra qualquer criatura que fosse com o mesmo afeto, colossal. Mais nenhuma vez aberta assim, de corpo, alma e sensações reveladas para ser entregue, simplesmente porque o resto do mundo todo não valia uma pena sequer do pássaro que era uma liberdade tão boa, que aprisiona. Nunca mais, caso termine algum dia, essa entrega desmedida e transbordante que quase sufoca sem a mínima intenção. De externar que é o homem da vida, e depois de o tendo, e caso este se for, nunca mais nenhum com o mesmo desejo, o mesmo toque, a mesma paciência e suavidade. Desses melhores dias de um ano e meio quase, lembranças que ultrapassam cinco, dez, quase quinze anos de uma solidão antes esmagadora. Quanto maior a obrigação de injetar realidade pra que o amor sobreviva, aumentada a vontade de que o começo retorne, arrependido. Quem sabe nunca.

Camila Paier

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Lado Contrário

É assustador o jeito como dão certo. Longe dele, ela é preguiçosa; longe dela ele sorri menos. Quando ele está ausente, ela conta os dias que faltam pro próximo encontro; na falta dela ele prega a cara no calendário e faz cálculos pra saber quando pode encontrá-la de novo. Longe dele ela é áspera, raivosa, sentimental; longe dela ele é manso, calmo, trabalhador, rotineiro. Longe dele ela adoece; longe dela ele entorpece. A distância os mantém juntos o tempo todo. É ela dizendo com voz de choro que o quer de volta ali; é ele dizendo que sente falta de abraçar o corpo dela no meio da noite. Na vida... Como esses dois são bonitos juntos! As caretas que ele faz, os bicos que ela mostra; as piadas de tudo que ele vê, os comentários de Shakespeare e Caio que ela faz. As histórias que um conta ao outro e a forma como seus caminhos se encaixaram. Ah! Quando se encontram, quando se olham nos olhos e apertam o corpo de um contra o do outro... Assunto encerrado. É assustadoramente fácil ver que ali existe amor. O jeito como ela ri com o corpo; a maneira como ele segura sua mão; a forma como tentam o tempo todo permanecerem ligados. Não! De jeito nenhum... Não são perfeitos, aliás, passam longe disso. O que? Se eles se completam? De maneira alguma. Fazem mais do que isso. As imperfeições dele, as qualidades dela ajudam a superar. Os defeitos dela são ajudados pelas perfeições que ele possui. Ele calmo normalmente, ela estressada diariamente; ela ciumenta, ele confiante; ele distraído, ela detalhista; ele bom com números, ela boa com as letras; ele um pouco louco; ela louca por ele... E completude? Não... Eles fazem mais... Somam. Ele deposita todas suas forças pra fazê-la estudar, ajuda com artigos por meio de brincadeiras; ela tenta trazê-lo pra perto, cuidar dele; ele dá força; ela mostra como ter paciência; ele a ensina a esperar; ela o ensina que o amor existe; ele a ajuda a amadurecer; ela o faz voltar a ser criança; ele tira a solidão dela; ela não o deixa ser carente. Ele é inteiramente o avesso dela por dentro. Ela é inteiramente o avesso dele por fora. São tão iguais, e ao mesmo tempo, tão diferentes... Que nessa balança louca de amor e realidade buscam o equilíbrio... Juntos. São um time, são dois, são um. São tudo o que o outro sempre quis com todo o bônus e ônus que traz o amor. Do peso que é amar e saber-se amado é assustadoramente bom e leve acompanhar essa história.

Isa G.

Muito a gente né vida, te amo. 


Ele grita quando fica nervoso e isso assusta. Ela chora de uma forma tão dolorosa que quase corta o coração. Ele é mais razão que emoção, mas na hora de dormir a coloca sobre o peito. Ela ainda não é tão madura como pensam ou esperam, mas tem uma alma colorida o que a torna ainda mais especial. Ele não imaginava que se tornaria tão paciente por alguém e ela não esperava que ao encontra-lo fosse descobrir tanto sobre si mesma. É tudo por amor. 
Ele pode esquecer as datas, as coisas que já foram ditas, mas recompensa de outras formas que são tão "amor" quanto as lembranças que os apaixonados acumulam. Ele consegue entender o silêncio dela quando nem ela mesma consegue entender o porquê de tanta escuridão. Ele a abraça como se por um momento vestisse o coração dela e faz brincadeiras que a deixam feliz, depois com raiva e feliz de novo. Porque ele gosta de implicar, vê-la com cara de brava, levando as coisas tão a sério como ela sempre faz só pra poder rir dessa seriedade toda que ela carrega dentro de si. Ele faz isso por amor. 
Ela, por mais coração que tenha, não é capaz de entender todos os silêncios dele porque gosta de falar, compartilhar o que sente. Mas tem aprendido a respeitar e lá no fundo ela faz ideia daquilo que ocupa a mente dele. Do que o deixa bem, triste, preocupado. Ela tem essa qualidade de saber ler não a mente, mas os olhos. E quando ele foge os olhos dos dela... Ela sabe que tem coisa errada. E isso tudo é por amor que acontece. Ela pode ser um pouco impaciente, dramática e criança, mas quem a conhece sabe que ela sabe ser porto-seguro, mão amiga, ombro que acolhe. Ela se emociona com cenas de filme, romances na rua e tudo o que vê. E dói lá no fundo quando ela pensa nele e lembra que ele está tão longe  e dói quando ele está perto e ela se lembra da enfermidade de tudo. Porque quem ama quer que seja eterno. E isso tudo é por amor. Esse jeito de entender um ao outro, ou não entender... Armadilhas do amor. Esse querer o outro mais do que se pode querer. Esse desejo de tornar eterno e de eternizar em si aquilo que foi bonito e de sonhar o que pode ser. Ser por alguém o que não esperava ser, descobrir um lado seu que foi desperto pelo lado do outro. Dividir, somar, ser laço, não nó. Ser abraço, não aperto. Ser amor. Não moda. Ser tudo por amor. É o que vale a pena.  

Isa G.

terça-feira, 17 de julho de 2012


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti.

segunda-feira, 9 de julho de 2012




Tati B.

"E que você sinta vontade de precisar de mim. Mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais."


Tati B.

terça-feira, 3 de julho de 2012



Sabe o que eu entendi hoje? Entendi que quero várias coisas da minha vida. Falar inglês fluente, e de preferencia outra língua também; conhecer o mundo, com uma atenção especial às ilhas maldivas; ser bem sucedida; escolher o meu horário de trabalho e tirar a segunda-feira de manhã dele; quero ser voluntária; quero trabalhar com crianças; quero ter filho; quero acordar todo dia e ver o mar; quero ter tempo; quero ter um belo apartamento e um mais belo ainda de praia. São tantos objetivos, tantas aquisições a serem feitas, mas eu entendi que o principal eu já tenho: Você. E eu quero que todos esses sonhos se concretizem a partir disso, porque estar contigo é maior que isso tudo. E só vai ter graça se tu estiver ao meu lado.


Tua Lê

quarta-feira, 20 de junho de 2012


A verdade é que, no meio da multidão, estamos carregando nossas malas pesadas de riquezas e belezas e sentimentos. E uma hora, só porque acontece e não se pode explicar sem parecer ingênuo e arrogante, escolhemos uma pessoa que nos leve.  Eu sei que é amor porque eu te escolhi pra me levar..

quinta-feira, 14 de junho de 2012


Toda vez que vou escrever seu nome e, sem querer, digito a palavra feliz dou um desses sorrisos bobos de quando a gente a recém se apaixonou e não sabe ainda o que sente. E já dura mais de ano: aquela ansiedade de esperar a cara de felicidade recíproca assim que a gente se encontra, a efusividade de acordar num dia que promete ter valido a pena só por começar bem - nos minutos matinais onde a gente se enrola na soneca, se arruma, toma café e se vai pra vida tendo a certeza da sorte gigante de ter um ao e outro se divertir na maioria das vezes, ser além de namorador, amigos, confidentes, uma bela dupla de dois, mais um desses tantos casais que tenta deixar na tangente a rotina, os problemas, maus entendidos e essas chatices que tentam sempre destruir aquilo que tem dado tão certo e quase sempre ganha nota máxima: esse amor enorme, incongruente, cúmplice e que a cada dia ganha mais uns pontinhos, centímetros, estrelinhas e um tantão de mim.

Mesmo tão e tão diferentes, é inegável o quão enriquecedora se tornou a minha vida desde que eu decidi depois daquela festa que eu queria muito e que era você e deu, e eu perguntei se era o seu número, e era sim, e sempre foi desde lá esse grude que se intensificou a cada final de semana, nas poucas horas (às vezes minutos) pra se ver nos dias de folga da vida burocrática, e no que eu posso chamar de, as melhores noites existente, até então – muito mais divertidas que qualquer festa, jantar, cinema, teatro e chocolates suíços: também ótimos, mas se pudesse, a escolha seria sempre você e o empurrãozinho pra sair do elevador. Você e o abraço apertado porque sinto muito frio no inverno, o sono infantil que tenho adoração em admirar, a paciência maior de todas com essa minha energia que não cansa, impulsividade que não desaparece, a brabeza de vezenquando.

Eu quero mais, lindo: mais de a gente na frente da lareira, pra fugir do frio. Dando pipoca pros peixes, tartarugas e pombas do Parcão, rindo das figuras que nos aparecem nos festivais, imitando um ao outro sempre pra descontrair, discordando de vez em quando pra saber que tá tudo certo, dando beijinho pra sarar quando o outro se machuca, passeando de carro quando o tédio ataca, caminhando pelo bairro enquanto a gente conversa, secando as minhas lágrimas quando aparecem, com beijo pra comemorar gol do time, colo e mimo e esses detalhes tão pequenos de nós dois que fazem boa parte da minha vida feliz (continua nela sempre, por favor. Esse é o humilde pedido de uma orgulhosa praticamente incurável). Vestida de ti, claro. É o meu resumo e parte do seu nome, que eu corrijo sempre pelo celular ou no computador: feliz. Por ter alguém tão maduro, adorável e irresistível ao meu lado. E ser recíproco, mesmo que cada um da sua maneira (a minha, exagerada, porque afirmo e não nego meu lado brega e apaixonada; a sua racional, masculina, mas tão surpreendente e discreta, quando também forte e que eu tanto gosto). Feliz dia de nós dois. Eu te amo, lindo.

Camila Paier

quarta-feira, 13 de junho de 2012


"Que ele tem um rosto que é praticamente um abuso, carregando todos os adjetivos mais belos possíveis."

Jaya Magalhães

segunda-feira, 11 de junho de 2012


Tenho medo do estrago que o tempo faz nos relacionamentos, faz as pessoas esquecerem o valor do que tem ao seu lado, esquecer tudo que foi construído com o seu decorrer, esquecer de cultivar aquilo que conquistaram. São pequenas coisas que são esquecidas, mas que demonstram grande desinteresse.
Quero ser sempre tua prioridade e te ter como minha, quero nunca esquecer o quanto és lindo, único, especial, carinhoso, justo, atencioso e companheiro, e que nunca esqueças o quanto te amo, penso e faço por ti.
Quero nunca esquecer o valor que tem te ter só pra mim, os momentos que passamos juntos, e o quanto é bom nossos domingos e todos os dias que temos só pra nós.
Quero nunca deixar de reconhecer e valorizar o namorado maravilhoso que eu tenho que tem todas as qualidades e valores que eu sempre quis e pedi.
Quero que o tempo nao me deixe perder esse friozinho na barriga quando te vejo, o sorriso bobo quando penso em ti, o apertinho de saudade quando to longe e o conforto quanto durmo com o teu cheirinho.
Quero nunca deixar de amar estar ao teu lado em qualquer lugar, querer tua companhia em qualquer situação e preferir estar ao teu lado do que qualquer lugar do mundo.
Quero que a gente nunca perca esse brilho nos olhos quando se olha, essa impressão que o tempo passa voando quando estamos juntos e essa vontade de estar cada vez mais perto. Quero que nunca esqueças que eu te amo muito mais do que eu pensei amar um dia alguem, que  esse amor tem muito respeito e admiraçao junto e que eu passo o dia pensando em ti e contando os minutos pra te ver de novo.
Que o tempo não seja capaz de estragar todo esse amor lindo que a gente construiu porque eu já escolhi a pessoa que eu quero ter pra sempre na minha vida, a pessoa perfeita pra ter ao meu lado em todos os momentos, que vai amenizar os tristes, comemorar os alegres e facilitar os dificeis. A minha vida é muito melhor contigo, e eu te quero pra sempre!


Tua Lê






"Não há como garantir que não possa me esforçar em ser interessante sendo que o que eu quero é ser o melhor que você merece. E de tudo que posso ser pra você eu só pediria que nunca fugisse de mim, nem mesmo quando por alguma razão eu deixasse a máscara cair, eu irei segurar sua mão como quem segura a mão de alguém que esteja pendurado sobre um barranco. E seguirei por dias, semanas, meses tentando tocar o seu coração até que um dia eu consiga. E de nenhuma forma te prender, mas sentir medo de te perder, e jamais te limitar mas chorar quando decidir ir embora, e esperar suas mudanças naturalmente sem forçar você, roubar mil beijos seus quando você decidir ter alguma crise de raiva, tentar te acalmar e ser incapaz de causar algum sofrimento a você. E eu não somente diria que canta mal como cantaria com você, provando assim que existem pessoas que cantam horrivelmente, e que você não é a única, mas a que eu estaria disposta a escutar, e quando você decidir falar demais, que eu debrusse sua cabeça no meu ombro e escute tudo que tem a dizer, e quando for desastrado que haja fôlego para não morrermos de tanto rir. E que você sinta vontade de precisar de mim, mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais. E que você suporte os meus defeitos e se sinta orgulhoso das minhas qualidades, e apesar de não ter uma beleza extrema, poder fazer com que você enxergue que gostar de alguém vai muito além de beleza fisica, e tentar também de algum jeito (infelizmente só tentar) fazer com que você não precise olhar em outras direções, porque seus olhos vão estar dentro dos meus. Eu quero sempre encontrar você, sejá lá aonde você estiver, e que eu consiga ser o seu perfeito, mesmo sendo imperfeito."

Tati Bernardi

Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me salvar. Este texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha medo de mim. (...)Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo de mim. Eu só queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, a mulher que divide a vaga do prédio comigo, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, a garota que fala caipira, aquele cara que você sabe quem é. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói. Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo. (…)Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza. Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom. (…) Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes."

Tati Bernardi

segunda-feira, 28 de maio de 2012


Somente uma coisa me faria bem agora. Seria adormecer com a cabeça no seu colo, você me dizendo bobagenzinhas gostosas para eu esquecer a ruindade do mundo.

 Clarice Lispector 

sexta-feira, 18 de maio de 2012




Queridos, prezados, rapazes, homens. Tão difícil assim nos entender? Vejam bem, aqui do nosso lado do cabo de guerra é tudo tão transitório que é só fazer sim com a cabeça e não surtar quando a gente explode que tá quase tudo sempre certo: a gente se desespera, mas passa. Guardem os desaforos venenosos e as críticas dentro do saco da raiva e jogue bem longe, no próximo córrego, numa lata de lixo que faça possível reciclar o discurso. Dificilmente somos a parte sensata na hora que o fight pega fogo e cabe a vocês saber que, assim como adoramos os pets pequenininhos, não passamos de um pincher raivoso ou poodle equivocado que mais ladra que morde - pequenas no tamanho mas gritantes na urgência do viver.

Chame pra uma caminhada no parque ao invés de gorda, quando nos questionar sobre o passado, acredite de imediato e não solte nossa mão na rua sem motivo, ainda mais em tempo frio (a cabecinha começa a funcionar à milhão atrás de motivos que expliquem a talvez falta de orgulho ou quem sabe ex que passou no meio das árvores do outono). Expressem de vez em quando algum ciúme, que é pra gente ter certeza de que está tudo no devido lugar, falem nossa língua quando sabem que a chance é grande de magoar e abracem sem medida e nem freio, apertado. Tudo que a gente mais deseja é se sentir necessária porque o dia fica meio torto e incompleto se não tem o coração aos pulos quando está chegando perto de passo apressado. Ou, no lugar de criticar nossas roupas "estranhas", vocês notem quando a lingerie é nova ou a gente fica gostosa mesmo só de pijamão. Por favor, ou é mesmo assim tão difícil?

Ah, se soubessem vocês que tem algo entre as pernas o quanto ser carinhoso com nós, mulheres, na frente dos amigos causa inveja nos solteiros de plantão, tivessem qualquer noção do quanto roda na nossa mente uma frase, um cheiro, palavras rudes de uma briga desnecessária ou elogios no fim de tarde enquanto a louça era lavada, quem dera ao menos a noção do quanto importam os pequenos detalhes como flores vermelhas em datas especiais (é hipócrita a feminina que diz que não gosta), um SMS no meio do dia, chegar no horário porque saber esperar pra nós é arte sem domínio e essas coisas. Bem que podia.

Saiam com os amigos de vez em quando, mas não nos esqueçam pelo resto do dia. Falem de sexo e não deixem cair a peteca (ou, trocadilho, em fim) na rotina. Nos imitem no telefone pra descontrair um pouco, que a distância vai sufocando ao longo dos dias. Detestem aquelas nossas amigas, só que apenas de vez em quando. Sirvam nossos pratos, puxem as cadeiras às vezes e não esqueçam do beijinho assim que fecha o sinal. As broncas, sempre quando a sós, que a gente cuida e se controla muito mesmo para deixar pra lavar a roupa suja em casa e de portas trancadas. Em resumo: nos cuidem. Se é pra ser delicado, que seja com quem a reciprocidade permite - somos a rainha das meiguices, vocês sabem. Tolerem nossa TPM com muito chocolatinho, não nos encarcerem dentro de casa, que precisamos ver a rua, elogiem nosso perfume: nos amem que não existe fórmula mágica, mas sim, tentativa sincera.