quinta-feira, 19 de julho de 2012

Lado Contrário

É assustador o jeito como dão certo. Longe dele, ela é preguiçosa; longe dela ele sorri menos. Quando ele está ausente, ela conta os dias que faltam pro próximo encontro; na falta dela ele prega a cara no calendário e faz cálculos pra saber quando pode encontrá-la de novo. Longe dele ela é áspera, raivosa, sentimental; longe dela ele é manso, calmo, trabalhador, rotineiro. Longe dele ela adoece; longe dela ele entorpece. A distância os mantém juntos o tempo todo. É ela dizendo com voz de choro que o quer de volta ali; é ele dizendo que sente falta de abraçar o corpo dela no meio da noite. Na vida... Como esses dois são bonitos juntos! As caretas que ele faz, os bicos que ela mostra; as piadas de tudo que ele vê, os comentários de Shakespeare e Caio que ela faz. As histórias que um conta ao outro e a forma como seus caminhos se encaixaram. Ah! Quando se encontram, quando se olham nos olhos e apertam o corpo de um contra o do outro... Assunto encerrado. É assustadoramente fácil ver que ali existe amor. O jeito como ela ri com o corpo; a maneira como ele segura sua mão; a forma como tentam o tempo todo permanecerem ligados. Não! De jeito nenhum... Não são perfeitos, aliás, passam longe disso. O que? Se eles se completam? De maneira alguma. Fazem mais do que isso. As imperfeições dele, as qualidades dela ajudam a superar. Os defeitos dela são ajudados pelas perfeições que ele possui. Ele calmo normalmente, ela estressada diariamente; ela ciumenta, ele confiante; ele distraído, ela detalhista; ele bom com números, ela boa com as letras; ele um pouco louco; ela louca por ele... E completude? Não... Eles fazem mais... Somam. Ele deposita todas suas forças pra fazê-la estudar, ajuda com artigos por meio de brincadeiras; ela tenta trazê-lo pra perto, cuidar dele; ele dá força; ela mostra como ter paciência; ele a ensina a esperar; ela o ensina que o amor existe; ele a ajuda a amadurecer; ela o faz voltar a ser criança; ele tira a solidão dela; ela não o deixa ser carente. Ele é inteiramente o avesso dela por dentro. Ela é inteiramente o avesso dele por fora. São tão iguais, e ao mesmo tempo, tão diferentes... Que nessa balança louca de amor e realidade buscam o equilíbrio... Juntos. São um time, são dois, são um. São tudo o que o outro sempre quis com todo o bônus e ônus que traz o amor. Do peso que é amar e saber-se amado é assustadoramente bom e leve acompanhar essa história.

Isa G.

Muito a gente né vida, te amo. 


Ele grita quando fica nervoso e isso assusta. Ela chora de uma forma tão dolorosa que quase corta o coração. Ele é mais razão que emoção, mas na hora de dormir a coloca sobre o peito. Ela ainda não é tão madura como pensam ou esperam, mas tem uma alma colorida o que a torna ainda mais especial. Ele não imaginava que se tornaria tão paciente por alguém e ela não esperava que ao encontra-lo fosse descobrir tanto sobre si mesma. É tudo por amor. 
Ele pode esquecer as datas, as coisas que já foram ditas, mas recompensa de outras formas que são tão "amor" quanto as lembranças que os apaixonados acumulam. Ele consegue entender o silêncio dela quando nem ela mesma consegue entender o porquê de tanta escuridão. Ele a abraça como se por um momento vestisse o coração dela e faz brincadeiras que a deixam feliz, depois com raiva e feliz de novo. Porque ele gosta de implicar, vê-la com cara de brava, levando as coisas tão a sério como ela sempre faz só pra poder rir dessa seriedade toda que ela carrega dentro de si. Ele faz isso por amor. 
Ela, por mais coração que tenha, não é capaz de entender todos os silêncios dele porque gosta de falar, compartilhar o que sente. Mas tem aprendido a respeitar e lá no fundo ela faz ideia daquilo que ocupa a mente dele. Do que o deixa bem, triste, preocupado. Ela tem essa qualidade de saber ler não a mente, mas os olhos. E quando ele foge os olhos dos dela... Ela sabe que tem coisa errada. E isso tudo é por amor que acontece. Ela pode ser um pouco impaciente, dramática e criança, mas quem a conhece sabe que ela sabe ser porto-seguro, mão amiga, ombro que acolhe. Ela se emociona com cenas de filme, romances na rua e tudo o que vê. E dói lá no fundo quando ela pensa nele e lembra que ele está tão longe  e dói quando ele está perto e ela se lembra da enfermidade de tudo. Porque quem ama quer que seja eterno. E isso tudo é por amor. Esse jeito de entender um ao outro, ou não entender... Armadilhas do amor. Esse querer o outro mais do que se pode querer. Esse desejo de tornar eterno e de eternizar em si aquilo que foi bonito e de sonhar o que pode ser. Ser por alguém o que não esperava ser, descobrir um lado seu que foi desperto pelo lado do outro. Dividir, somar, ser laço, não nó. Ser abraço, não aperto. Ser amor. Não moda. Ser tudo por amor. É o que vale a pena.  

Isa G.

terça-feira, 17 de julho de 2012


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti.

segunda-feira, 9 de julho de 2012




Tati B.

"E que você sinta vontade de precisar de mim. Mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais."


Tati B.

terça-feira, 3 de julho de 2012



Sabe o que eu entendi hoje? Entendi que quero várias coisas da minha vida. Falar inglês fluente, e de preferencia outra língua também; conhecer o mundo, com uma atenção especial às ilhas maldivas; ser bem sucedida; escolher o meu horário de trabalho e tirar a segunda-feira de manhã dele; quero ser voluntária; quero trabalhar com crianças; quero ter filho; quero acordar todo dia e ver o mar; quero ter tempo; quero ter um belo apartamento e um mais belo ainda de praia. São tantos objetivos, tantas aquisições a serem feitas, mas eu entendi que o principal eu já tenho: Você. E eu quero que todos esses sonhos se concretizem a partir disso, porque estar contigo é maior que isso tudo. E só vai ter graça se tu estiver ao meu lado.


Tua Lê