quarta-feira, 30 de abril de 2014

Está frio e chovendo, típico dia que você gosta de ser comida de ladinho. Ao som da chuva que insiste em bater em nossa janela de forma penetrante. Sabe, o segredo dessa posição sempre foi e sempre será a vulnerabilidade do pescoço e a possibilidade de calmaria rente ao colo. Mas o maior segredo mesmo, está em saber te domar só com o ritmo e a entonação da respiração.
Já para tirar a sua roupa deve haver certa astúcia, minha mão está gelada, então preciso ser cauteloso para não te fazer sentir calafrios. Vou desviando das tuas curvas enquanto esquento minhas mãos de forma não tão convencional.
Respiração. Piração. Ação. Nem sei mais, me perdi em meio as cobertas e vontades.
A gente se camufla no meio das cobertas e de repente, se acha. Cheios de tesão. Como se aquela cama nem fosse nossa. Como se nossos pés nem estivessem gelados. Como se a gente nem estivesse de ladinho. Como se você nem estivesse gemendo para as gotas de chuva que, cinicamente, estavam ali nos observando.
Nessa noite o tesão não estava inserido nos tapas, nem nas posições, mas sim nos dizeres turgidos e no alento quente pertinho da orelha. Eles ditavam o ritmo e as regras. E para nós aquilo era o suficiente. A gente lutando contra o frio da forma mais gostosa do mundo. Quiçá do universo.
E como recompensa dessa noite, te deixo dormir no cantinho da cama, aquele que encosta na parede, meu recanto predileto. Pode encher de travesseiros e inserir todas as suas manias. Travesseiro no meio das pernas. Um perna para fora da coberta e outra não. Hoje a cama é sua e você que manda...
Frederico Elboni

Parece que foi escrito pra nós, ou, por nós...