sexta-feira, 28 de setembro de 2012

"Quando ele sorri desarmado, limitado e impotente, para todas as minhas dúvidas, inconstâncias e chatices, eu sei que é daquele sorriso que minha alma precisava. Ele não faz muito pela minha angústia existencial, até por não saber. E consegue tudo de mim. Consegue até o que ninguém nunca conseguiu: me deixar leve. (…) Ele me ensinou que a vida pode ser simples, e tão boa."


- Tati Bernardi 
"...O importante é querer estar junto, querer não desistir. Ninguém tem a obrigação de saber o que a gente pensa. O que as pessoas devem é respeitar o que pensamos, isso sim. E entenda: ninguém vai pensar como você porque ninguém sente como você. Não queira colocar uma fita métrica imaginária no coração do outro e medir vamos-ver-quem-ama-mais. O amor não tem medidas, números, não cabe na balança. Cada um tem seu jeito, sua forma, sua personalidade. A gente tem que aceitar. Não só o outro, mas a gente mesmo. E viver.”


- Clarissa Corrêa
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


E é assim que a gente vai vivendo, sabe? Errando pra aprender. Se decepcionando pra se proteger. Se machucando pra crescer. Chorando pra sorrir. A gente cai uma vez, pra aprender a se levantar em outra. No fim, tudo que for bom, verdadeiro, tudo o que realmente nos fizer bem, permanece.

TB

é isso. só queria ser amada. só isso. precisa casar comigo não, precisa me engravidar não. basta me olhar assim, basta morrer de rir comigo. basta me ler, me decifrar, ser intenso nesse minuto. vamos todos morrer meus amores, vamos então morrer sabendo que demos vida a alguém.

- Tati Bernardi

sábado, 22 de setembro de 2012


E eu chego em casa cansado. Jogo minhas roupas pelo chão do quarto e sento no sofá, acabado. Ela chega, me grita atenção e fala como uma doida de como foi teu dia. Eu fico entre um “uhum” e outro. Entre uma risada e outra. Mas fico com olhos e ouvidos bem atentos, como um menininho ouvindo uma história de uma heroína que salvou a cidade e ainda lembrou de passar no mercado para comprar meu iogurte predileto.
Ela me faz massagens quando eu peço. Mas só aceita fazer caso eu prometa fazer nela também. Ela trabalha, estuda, dá um trato em seu visual, malha, prepara a comida e ainda arruma tempo para me amar e me pedir para levá-la no cinema. Às vezes, eu penso como é louco o amor. No começo, eu passava noites em claro só para descobrir a melhor forma de conseguir ter um encontro com ela. E, hoje, ela é quem me convida. No primeiro encontro, eu passei quase duas horas inteiras me arrumando. Coloquei minha melhor roupa e me encharquei com meu melhor perfume só para agradá-la. Hoje, ele me acha lindo de moletom ou suado pós o futebol.
Ela me espera. Ela fica ansiosa para me ver. E me liga só para dizer que está com saudades. Ela diz que ama e que morre de tesão por mim, também. Ela me faz carinhos e arranhões que nunca tive. E me beija o corpo inteiro. E quando briga comigo por ciúmes é por medo de me perder. Ela é perfeita, mas não sabe. O meu lado possessivo até acha isso bom. Porque no dia que ela perceber que ela é dez mil vezes melhor do que qualquer mulher nesse mundo, vai querer outro cara dez mil vezes melhor do que eu. E há vários caras perfeitos por aí. Mas não sei como, ela se encantou por minha barba mal feita, por minhas piadas sem graça e por meus olhos cansados.
Bendita a sorte a minha. Até hoje não sei o que falei para ter roubado a atenção dela. E, se um dia descobrir, falarei o dia inteiro. 
É a sorte de ser o sonho da mulher dos seus sonhos.

Hugo Rodrigues

E se eu falar que o seu braço sobre o meu ombro naquele café fez toda a diferença? Gosto de iniciativa. Parceria. Eu abro o botão, você o zíper, eu abaixo o jeans, você. A sua ligação no meio da tarde de quarta, sua dedicatória no livro, o chocolate junto com o CD do Radiohead, o seu sms quinta de madrugada, onde leio você elogiando nossa noite anterior e um alerta de futuros reencontros. Esses detalhes me deixam com vontade de.
Você verbaliza, pontua, exclama, apaixona, presenteia (com poesia) e embriaga da forma que gosto. Sou grato a todos os santos por isso. Pego o terço bento que minha tia freira me entregou e mando ver nos agradecimentos. Eu acredito.
Naquela noite, entre nossos amigos em comum eu te olhava com admiração enquanto você articulava sobre leis que aprendeu na aula de direito de terça. Você faz isso direitinho, tem um certo ar arrogante e seguro enquanto fala, existe um certo charme enquanto passa a língua nos lábios e arruma o cabelo. Deve ser de Marte.
E quando eles voltam a conversar entre si, o meu olhar mira o seu e o seu olhar flerta com o meu. E quase podemos nos decifrar. Essa atmosfera tem gosto de mel. Cheiro de baunilha. Cor de tulipa vermelha.
E você ri enquanto imagina o que eu faria se. Aposto 100 dinheiros que você se lembra de todos os detalhes daquela noite da pizza, meio-eu-meio-você, quando você, na frente de todos, cochichou no meu ouvido que eu te levava pro céu quando. Seu pé sob a mesa, procurando a minha coxa para. Cochichamos sobre o dia do fundue, quando você sentiu ciúmes por. E depois disse que eu era de outro planeta por. E depois sentiu medo de. E depois sorriu quando.
Deixo um tanto da minha coragem para enfrentarmos futuros imbróglios – sim, eles surgirão e dessa vez faremos diferente, prometemos um para o outro não fugir no primeiro tropeço e firmamos um acordo de desatar todos os nós. Deixo reservado para você uma dose de humor para quando o seu estiver escasso. Naqueles dias em que as coisas no trabalho não fluem, ou quando aquela dorzinha de cabeça resiste a qualquer café com aspirina.
Não me deixe acordar, o agora é agradável e doce.
Deixo as dúvidas e os medos lá atrás, em um lugar distante, onde não nos alcancem. Deixo em cima da mesa dois convites do Festival de Cinema Francês que começa esse mês na cidade. Você olha, arruma novamente o cabelo, molha os lábios com a língua e me entrega de graça o que eu mais gosto em você: seu sorriso.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"- Ela disse: 'Estou com tanto medo...' 
E eu perguntei: 'Porquê?' 
Aí, ela respondeu: 'Porque estou me sentindo profundamente feliz, Dr. Rasul. E uma felicidade assim é assustadora.' 
Voltei a perguntar por quê, e ela prosseguiu: 'Só permitem que alguém seja assim tão feliz se estão se preparando para lhe tirar algo', e eu disse: 'Agora, chega. Já basta dessas tolices'."

O Caçador de Pipas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012



Fique um pouco mais. Na geladeira tem aquele suco que você gosta, aquele queijo polenguinho que você ama colocar no pão e temos pizza de ontem também. Fique. Deve chover daqui a pouco, pelo menos eu ouvi dizer. Mas se não, deve estar quente demais. Fica. Eu ligo o ar condicionado ou fico te abanando, se você quiser. Fique um pouco mais. Ou muito mais. Tem algum maço de cigarro teu perdido em meu armário. Tem aquele short meu que você gosta de dormir. E eu comprei DVDs legais esse mês, fica pra gente ver junto.
Fica, vai. Eu lavo a louça e posso ler pra você, também. Posso fazer pão de queijo ou pizza de mentirinha. Eu arrumei a cama pra gente. Ou podemos ficar aqui neste sofá cor de vinho. Fique. Lá fora, está perigoso demais, eu vi no noticiário. Há trombadinhas por toda a cidade, que assaltam em ônibus ou esquinas. E os taxistas também são maus e podem tentar te assediar ou algo assim.
Fica aqui comigo. Eu estou doente. Olha? Estou começando a ficar com febre, tosse ou câncer, sei lá. Minhas mãos estão tremendo e eu sinto que meu coração está acelerado demais esta noite. Fica para cuidar de mim? Fica, vai. Tua mãe pode esperar. Teu ex pode esperar. Teus amigos que dão em cima de você, também, podem esperar. Até as tuas amigas que não gostam de mim podem esperar. Fica, vai. Manda mensagem ou liga para todos eles e diz que foi por aí.
Fica. Tem biscoitos de chocolate na cozinha. Tem livros legais na prateleira. Tem jogo de tabuleiro, baralho ou coisa assim. Tem coisa de beber, de fumar. Fica, droga. Tem seriados legais no 44. Eu prometo não te machucar fazendo cócegas. Prometo acarinhar o lóbulo da tua orelha e te fazer massagens também. Ou te colocar no meu peito e te fazer carinho na nuca até você dormir. A gente pode transar, se você quiser. A gente pode falar mal dos outros ou da gente mesmo. A gente pode ficar em silêncio, também.
Você realmente quer ir? Tudo bem. Pode ir. Mas me deixe sua boca. Teus braços. Tua voz. Tuas pernas. Teu peito. Ou melhor, vai não. Fica aí, que você é meu pedaço de luz. Que você é o todo do tudo que preciso.